
Categoria: Artigos
Data: 24/05/2025
O maior e o mais fatal erro da igreja evangélica brasileira é favorecer o florescimento de lideranças personalistas. Agostinho já havia deixado muito claro em A Cidade de Deus que o a Igreja é formada por aqueles que amam a Deus e desprezam a si mesmos — enquanto a cidade dos homens é construída em cima do desprezo a Deus e o amor a si mesmos.
Quando vemos as lideranças da igreja envolvidas até o pescoço em pecados escandalosos, crimes e todo tipo de abuso do seu ofício, existe uma causa mais profunda: a incapacidade de amar a Deus e ao próximo mais do que a si mesmos. Dificilmente conseguimos reverter uma situação dessa. É possível e eu creio que o Espírito Santo não só muda indivíduos, como também estabeleceu instrumentos para isso. Entretanto, nosso desafio se dá porque a maioria das igrejas não tem histórico de enfrentamento de lideranças abusivas nesse nível de narcisismo.
E o mais chocante está aqui: isso acontece justamente porque tais igrejas foram construídas em cima da personalidade de seus líderes. Quais instrumentos temos para disciplinar o pecado do pastor presidente da denominação? Eles estão sozinhos! A igreja é uma propriedade de suas famílias. É virtualmente impossível confrontar tais estruturas. É por isso que comunidade que foram criadas a partir desses fundamentais absolutamente frágeis e antibíblicos precisam ser abandonadas. Não é a forma bíblica de se instituir presbíteros, pontos de pregação do evangelho, de cultivo de e transmissão de lideranças saudáveis. Mesmo que hoje ela tenha um clima gostoso e esteja sem um histórico de abuso, no dia em que suas lideranças forem encontradas em falta tudo ruirá como uma casa construída sobre a areia.
Nesse dia, em que várias famílias estiverem feridas e marcadas perpetuamente pela infantilidade de quem as liderou, serão os pastores locais de igrejas simples que acolherão, aconselharão e cuidarão dos machucados “em nome da visão”. Não alimente os narcisistas. Ore por eles, ofereça ajuda, mas não os faça acreditar que estão habilitados para o ministério pastoral. Essa é uma excelente obra, mas não pode ser feita de qualquer maneira!
Rev. Pedro Dulci
Pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Bereia
Rev. Pedro Dulci
Pastor efetivo da Igreja Presbiteriana Bereia